Mioma uterino: o que é, quando devo me preocupar e tratamento recomendado
Por: Dr. Manoel Orlando e Dra. Andrea Camhaji
Mioma uterino: o que é?
Mioma é um nódulo benigno que habitualmente cresce no útero de mulheres na idade reprodutiva, em resposta ao estímulo do hormônio feminino, o estrogênio.
Ele é formado predominantemente por fibras musculares semelhantes às do útero, só que em um arranjo desorganizado. Os miomas podem se desenvolver em qualquer parte do útero: na região mais externa, sendo assim chamados de miomas subserosos, no meio da parede do útero, que são os intramurais, e aqueles que se desenvolvem na parte mais central, próximo ao endométrio, que é a região do útero que os embriões se fixam, e, quando estão nesta parte do órgão, são chamados de submucosos.
A causa do aparecimento de miomas é genética, por este motivo é muito comum várias mulheres dentro de uma mesma família terem miomas.
Quais os sintomas do mioma uterino?
Os sintomas variam de acordo com a localização e tamanho. Os pequenos muitas vezes são assintomáticos, mas quanto maiores ou mais próximos ao endométrio, causam menstruações irregulares, hemorragias com consequente anemia, cólica, dor as relações sexuais, aumento do volume abdominal, e até alterações do hábito intestinal e urinário.
Outro sintoma dos miomas é a dificuldade para engravidar, podendo obstruir as trompas, caso estejam próximos a região de inserção delas no útero, e também interferem na fixação do embrião no endométrio, quando se trata de miomas submucosos. Na gestação, os miomas podem levar ao abortamento, parto prematuro e até interferirem na evolução de um parto normal.
Mioma uterino engorda?
Os miomas não “engordam”, pois não causam aumento da gordura corporal, mas podem provocar aumento do volume abdominal quando de grande tamanho.
Quais os tipos de miomas uterinos?
Existem três tipos de miomas uterinos: intramural, subseroso e submucoso.
Veja:
Figura 1: Localização dos miomas: subseroso (1); mural (2) e submucoso (3)
Figura 2: Ultrassom 3D (tridimensional): mioma submucoso (seta) na região fúndica esquerda da cavidade uterina.
Quais as causas do mioma uterino?
Os miomas são tumores benignos constituídos predominantemente por fibras musculares semelhantes à do próprio útero, que crescem em resposta ao hormônio estrogênio. A causa do aparecimento dos miomas é genética, mas sofrem influências epigenéticas, que significa que fatores externos e ambientais, como uso de hormônios e número de gestações interferem no seu desenvolvimento.
Como diagnosticar o mioma uterino?
A suspeita de mioma pode ser feita pelo exame ginecológico e pelas queixas da paciente, mas o diagnóstico deve ser confirmado por Ultrassonografia ou Ressonância Magnética.
O primeiro exame a ser realizado é a Ultrassonografia transvaginal, sendo na maior parte dos casos (mais de 90%) suficiente para confirmar o diagnóstico e mapear os miomas, determinando a sua posição na parede uterina. A Ultrassonografia tridimensional (3D) pode ser realizada para deixar mais claro ao médico da paciente qual a localização exata do mioma. Nas pacientes virgens só é possível realizar a Ultrassonografia transabdominal, com bexiga cheia, que é mais limitado, mas, nos casos mais simples, pode ser suficiente. Se persistir dúvida, o ideal é realizar Ressonância Magnética para complementar as informações e definir o diagnóstico.
Os miomas submucosos, ou seja, aqueles que ficam no interior da cavidade, podem ser melhor avaliados e diagnosticados pela histeroscopia diagnóstica, podendo ser melhor classificados conforme seu grau de profundidade do miométrio (na parede do útero):
- G0: mioma encontra- se totalmente na cavidade sem que haja projeção para o miométrio, comprometendo apenas o endométrio.
- G1: quando mais de 50% do mioma encontra- se na cavidade.
- G2: quando mais de 50% do mioma encontra- se no miométrio.
A definição da localização, tamanho e número total de miomas é importante para, se for necessário o tratamento cirúrgico, o médico poder definir qual a melhor abordagem, se via histeroscópica, laparoscópica ou laparotômica.
Mioma uterino: quando devo me preocupar?
Os miomas não se transformam em câncer. Os nódulos malignos da parede do útero (sarcomas) são muito raros, mas podem ser parecidos com os miomas, por isso, sempre é importante fazer bons exames de imagem. Pode-se suspeitar de que sejam nódulos malignos quando crescem muito rapidamente ou os limites são mal definidos. Havendo dúvida no ultrassom, solicita-se a Ressonância Magnética com protocolos específicos para definir o risco de malignidade.
Qual o tratamento indicado para mioma uterino?
A indicação de tratamento depende de vários fatores como idade da mulher, número de filhos, sintomas, tamanho e localização dos miomas. Habitualmente mulheres assintomáticas, com miomas pequenos, são acompanhadas por ultrassom, sem necessidade obrigatória de tratamento, ou indica-se tratamento clínico com bloqueio da menstruação para reduzir a velocidade de crescimento deles.
Entre os tratamentos clínicos estão, por exemplo, os anticoncepcionais contínuos e os DIUs hormonais. Já miomas grandes e sintomáticos que estejam interferindo com a fertilidade da mulher, habitualmente indica-se a miomectomia, que é a cirurgia para retirada dos miomas. Esta pode ser feita, dependendo do tamanho e localização, por laparoscopia, por cirurgia robótica, laparotomia, histeroscopia cirúrgica, até mesmo por embolização.
A embolização é um procedimento onde um catéter é introduzido no vaso sanguíneo que irriga o mioma, e por meio dele se injeta partículas que ocluem o vaso, e o mioma por ficar sem receber sangue suficiente deixa de crescer e chega a reduzir seu tamanho. Em mulheres com prole constituída, com muitos miomas, e sem resposta aos tratamentos clínicos, a histerectomia (retirada do útero) pode também ser uma opção de tratamento. Cabe ao ginecologista avaliar individualmente cada caso e indicar a melhor abordagem terapêutica.