Endometriose: o que é, sintomas e tratamento
Por: Equipe Médica do Centro de Diagnóstico em Fertilidade
A endometriose acomete cerca de 176 milhões de mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo e é considerada uma das doenças da mulher moderna.
É uma doença ginecológica caracterizada pelo desenvolvimento e crescimento de estroma e glândulas endometriais fora da cavidade uterina, resultando em uma reação inflamatória crônica.
O que é endometriose?
Dentro do útero, que é o órgão responsável por abrigar a gestação ao longo dos 9 meses, existe um tecido na sua parte mais interna chamado endométrio, que é justamente onde o embrião se fixa bem no comecinho do seu desenvolvimento.
Para que ocorra essa implantação, este tecido responde aos hormônios femininos, produzidos pelos ovários. Antes do período fértil, os ovários produzem estrogênio, hormônio que faz o endométrio crescer, proliferar e depois da ovulação, com a produção da progesterona, o endométrio se torna secretor, sendo receptivo para um embrião.
Se não ocorre a chegada de um embrião no útero, o endométrio se “descola” e a mulher menstrua. No caso das portadoras de endometriose, o endométrio que deveria existir somente dentro do útero, por motivos genéticos e epigenéticos (influenciados pelo ambiente), aparece fora do seu lugar habitual podendo se encontrar espalhado por todo abdome, especialmente atrás do útero, nos próprios ovários, nas trompas, sobre a bexiga e no intestino.
Esse tecido sofre as mesmas alterações sob influencia hormonal durante o ciclo da mulher, portanto, no período menstrual também sangra dentro do abdome, provocando cólicas menstruais, dores nas relações sexuais e dificuldades para engravidar pois os órgãos abdominais, na presença de sangue, inflamam e tendem a grudar uns aos outros provocando as chamadas aderências, que distorcem a anatomia da pelve feminina impedindo, por exemplo, o adequado funcionamento das trompas.
Principais tipos de endometriose
Os diferentes tipos de endometriose consiste na localização do tecido:
Endometriose intestinal
A endometriose intestinal acontece quando o tecido endometrial cresce na superfície ou dentro dos intestinos. Em alguns casos, a endometriose intestinal faz parte da endometriose retovaginal, que atinge a vagina e o reto.
A maioria das mulheres que apresentam esse quadro, também tem endometriose em locais ao redor da pelve, como na bexiga e nos ovários. Algumas pessoas acometidas não apresentam quaisquer sintomas, porém outras relatam dor ao evacuar; cólicas abdominais; diarreia; constipação; inchaço e sangramento retal.
Endometriose superficial
É quando os implantes endometriais se desenvolvem no peritônio, membrana que recobre a parede abdominal e as vísceras. A endometriose superficial pode ser muito dolorosa e apresentar lesões ativas ou cicatriciais.
Endometriose profunda
É denominada endometriose profunda quando as células endometriais infiltram o peritônio em >5 mm. É o tipo mais severo da doença e seus sintomas são ainda mais agressivos e com maior dificuldade de tratamento.
Endometriose no ovário
Considerada a forma menos dolorosa da doença, a endometriose no ovário pode acometer o órgão de forma superficial ou causar cistos de endometriose ovariana.
Endometriose de parede
É quando o endométrio está infiltrado na parede abdominal, podendo causar mudanças na coloração da pele. Essa condição é considerada rara e pode ser sentida apalpando o abdome.
Endometriose pulmonar
A endometriose pulmonar também é considerada rara, principalmente por estar fora da pelve feminina. O principal sintoma dessa condição são tosses com secreção serosanguinolenta durante o período menstrual.
Quais são os sintomas de endometriose?
Os principais sintomas de endometriose incluem: cólicas menstruais de forte intensidade; dores durante as relações sexuais; dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação e dificuldade de engravidar.
Como é a dor da endometriose?
A dor da endometriose é caracterizada por cólicas menstruais muito mais fortes que o comum.
Quais são as causas da doença?
Ainda não se sabe ao certo as causas da endometriose. Pesquisadores explicam que a doença pode ser causada das seguintes maneiras:
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Fatores genéticos: a condição pode ser herdada nos genes;
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Problemas no sistema imunológico: quando o sistema imunológico apresenta problemas, pode dificultar o encontro e destruição do tecido endometrial que cresce fora do útero;
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Hormônios: o hormônio estrogênio parece promover a endometriose;
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Problemas com o fluxo do período menstrual: é a causa mais provável de endometriose. Parte do tecido eliminado durante o período flui através da trompa de Falópio para outras áreas do corpo, como a pelve.
Diagnóstico de endometriose
A hipótese é feita com base na suspeita clínica ao exame físico, mas para diagnosticar a condição é necessário realizar outros tipos de exames. O ultrassom transvaginal e o pélvico e a ressonância magnética são os principais métodos por imagem para detecção e estadiamento da endometriose.
Quais exames detectam a doença?
Os principais exames que detectam a doença são: ressonância pélvica, ultrassom com preparo intestinal e o exame de sangue chamado CA 125, que é um marcador de endometriose.
Cuidar da saúde da mulher é essencial em todos os momentos da vida, realize exames periodicamente para check-up.
Quem tem endometriose pode engravidar?
Sim. Diversas mulheres acometidas pela condição conseguem engravidar. Porém, os pesquisadores calculam que a endometriose pode causar infertilidade em uma a cada duas mulheres.
As principais causas para isso são:
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Manchas de endometriose: capazes de bloquear ou alterar a forma da pelve e dos órgãos reprodutivos. Isso pode tornar mais difícil para o espermatozóide encontrar o óvulo;
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Sistema imunológico: pode atacar o embrião;
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Endométrio: não consegue se desenvolver como deveria.
Para investigar casos de infertilidade, dentre outros exames, o médico poderá solicitar o exame de histerossalpingografia.
Tratamentos de endometriose
Se a doença for confirmada, a paciente deverá iniciar o tratamento, que poderá variar de acordo com o estádio da doença, podendo ser o bloqueio da menstruação com hormônios, cirurgia vídeo-laparoscópica e, se for necessário, realizar uma fertilização in vitro para gestar.
O tratamento é definido pela associação do resultado dos exames, da idade, paridade e sintomas da mulher.