Ultrassom morfológico: entenda a importância do exame em cada trimestre

usg morfológico

Autor: Dr. Javier Miguelez, médico especialista em medicina fetal do laboratório Alta Diagnósticos e da Dasa Genômica

O ultrassom morfológico é um exame de imagem avançado que realiza uma avaliação detalhada do bebê e da saúde da mulher durante toda a gravidez.  

Continue a leitura para saber quando ele deve ser feito, quais doenças ele detecta e qual a sua importância na rotina de pré-natal. 

 

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Ultrassom morfológico: o que é? 

O ultrassom morfológico é um exame de imagem avançado em que é feita uma avaliação minuciosa do bebê pelo médico especialista em medicina fetal. Ele oferece uma visão detalhada da saúde de mãe e do bebê e permite identificar uma série de complicações que podem ocorrer na gestação. 

O ultrassom morfológico envolve uma série de medidas e visões específicas do bebê que são comparadas com o padrão esperado de desenvolvimento para aquela idade gestacional, permitindo descartar uma série de malformações e ainda avaliar o risco de algumas condições genéticas. 

O que pode ser detectado no ultrassom morfológico? 

O ultrassom morfológico é capaz de detectar uma ampla gama de informações, incluindo a estrutura de órgãos vitais, batimentos cardíacos, posição da placenta e o volume de líquido amniótico. Dois achados são considerados mais importantes e são feitos no exame do primeiro trimestre: 

  • Condições genéticas: além de descartar malformações, o ultrassom morfológico de primeiro trimestre possibilita identificar o risco de condições genéticas, como a Síndrome de Down (entre outras síndromes). Para isso, o exame avalia os chamados “marcadores”, achados do exame que são encontrados com maior frequência em bebês com problemas genéticos, como a translucência nucal (mais informações abaixo). 
     

  • Pré-eclâmpsia: essa condição afeta cerca de 5% das gestações e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial na segunda metade da gestação. Em alguns casos, é necessário antecipar o parto para resguardar a saúde de mãe e bebê. Para evitar isso, durante o ultrassom morfológico de primeiro trimestre, o médico avalia o fluxo sanguíneo das artérias uterinas que irrigam a placenta, possibilitando calcular o risco de desenvolver o problema. Com isso, é possível identificar até 90% dos casos graves e prevenir 80% deles.  

Outras malformações, como cardiopatias congênitas, espinha bífida (malformação na coluna) e hérnia diafragmática, também são detectadas no ultrassom morfológico e podem ser corrigidas ainda dentro do útero. 

Em qual fase da gestação o ultrassom morfológico é indicado? 

Pelo menos dois ultrassons morfológicos são indicados na gestação: o morfológico de primeiro trimestre e o de segundo trimestre.  

O ultrassom morfológico de primeiro trimestre idealmente deve ser realizado em uma fase bem específica da gestação, com 12 semanas (de 12 semanas e 0 dias a 12 semanas e 6 dias).  

Se for necessário, é possível realizar esse exame alguns dias antes (no mínimo com 11 semanas) ou depois (no máximo 13 semanas e 6 dias) -- mas o desempenho do teste é melhor quando realizado com 12 semanas.  

Já o morfológico de segundo trimestre pode ser realizado entre 20 e 24 semanas.  

Por fim, existe ainda o ultrassom morfológico de terceiro trimestre que, quando indicado, geralmente é realizado entre 26 e 32 semanas. 

Ultrassom morfológico no primeiro trimestre 

No ultrassom morfológico de primeiro trimestre, é possível avaliar muito bem os ossos do crânio, as mãos e pés e a parede abdominal. Por isso, é nesse exame que a maior parte dos defeitos mais graves é descartada – mas nem todas são detectáveis, já que algumas estruturas ainda são muito pequenas e complexas, enquanto outras ainda estão em desenvolvimento.  

Por esse motivo, é um exame que pode causar um pouco de tensão no início. Felizmente, na imensa maioria das vezes, as notícias são boas, tranquilizando as mães e ajudando a estabelecer um contato emocional com o bebê. 

Nessa fase, também conseguimos ver o corpo todo do bebê na tela, medindo cerca de 6 centímetros da cabeça ao bumbum. É uma fase em que ele está bem ativo, mexendo as mãos, abrindo a boca e até arriscando dar uns pulinhos e cambalhotas. 

Translucência nucal 

A translucência nucal é um marcador que consiste no líquido que todos os bebês têm na região do pescoço nessa fase da gestação, mas que geralmente está aumentado na Síndrome de Down e outras condições genéticas.  

Junto a ela, também podem ser avaliados outros marcadores presentes em síndromes genéticas, como o osso nasal e o fluxo sanguíneo no coração do bebê. 

Quando existe o risco aumentado para esses problemas, recomenda-se a realização de outro exame, o NIPT. Ele é um rastreio genético feito por meio de exame de sangue materno que analisa o DNA fetal e possíveis alterações genéticas para certas síndromes já conhecidas. 

 

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Ultrassom morfológico no segundo trimestre 

No ultrassom morfológico de segundo trimestre, o foco é avaliar sistematicamente as estruturas do bebê -- como os órgãos -- e com mais detalhes, pois o bebê já cresceu bastante e mede cerca de 20 centímetros da cabeça aos pés.  

Vale ressaltar que, se o primeiro ultrassom morfológico foi feito corretamente, é mais difícil de encontrar algo muito grave e ter uma “surpresa” nesse exame. Estima-se que seja possível descartar cerca de 80% das malformações e patologias que podem acometer o bebê. 

No exame do segundo semestre, as seguintes estruturas são avaliadas com mais precisão:  

  • Coração; 

  • Cérebro; 

  • Face; 

  • Membros; 

  • Coluna; 

  • Órgãos internos. 

Ainda neste exame, é possível acompanhar se a circulação sanguínea da placenta está normal, por meio da análise do fluxo sanguíneo no cordão umbilical e nas artérias uterinas.  

Também é avaliado o risco de parto prematuro por meio da medição do colo uterino. Se estiver curto (abaixo de 25 milímetros), é maior o risco para prematuridade com menos de 34 semanas. Essa informação é importante para que médico e gestante adotem medidas preventivas capazes de reduzir esse risco pela metade.  

Outro ponto é que, ao contrário do primeiro trimestre, em que os achados do ultrassom costumam estar relacionados às alterações grandes de DNA (como, por exemplo, no número de cromossomos), os achados do ultrassom do segundo trimestre podem ser considerados isolados ou fazer parte de condições genéticas pequenas no DNA e que não são detectadas por testes genéticos convencionais ou pelo NIPT. 

Uma forma de elucidar boa parte desses casos é por meio da análise de uma pequena amostra de líquido amniótico (no qual o bebê fica nadando), em um exame chamado de amniocentese. Nele, pode-se realizar testes genéticos moleculares, como a pesquisa do exoma.  

Trata-se de uma análise incrivelmente detalhada que envolve o sequenciamento das partes do DNA do feto que codificam proteínas. Essa amostra significa apenas cerca de 1-2% de todo o nosso DNA, mas abriga cerca de 85% das doenças genéticas conhecidas.  

 

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Ultrassom morfológico no terceiro trimestre 

O ultrassom morfológico de terceiro trimestre, realizado entre 26 e 32 semanas, se concentra na avaliação do crescimento e bem-estar do bebê. Isso é essencial para garantir que o feto esteja se desenvolvendo corretamente e que não haja complicações. 

O ultrassom morfológico de terceiro trimestre também permite uma avaliação ainda mais detalhada e pode descartar algumas alterações no cérebro, coração, trato gastrointestinal, trato urinário. 

É um exame que nem sempre é requisitado por todos os obstetras, mas é recomendado sobretudo para pacientes que tenham histórico de doenças ou alto risco para elas. 

Outros pontos avaliados no ultrassom morfológico de terceiro trimestre:  

  • Crescimento: a avaliação do fluxo sanguíneo no cordão umbilical permite aferir se oxigênio e nutrientes estão chegando corretamente para o bebê; 

  • Risco para pré-eclâmpsia: avaliação é feita novamente por meio da análise de fluxo sanguíneo nas artérias uterinas; 

  • Quantidade de líquido amniótico; 

  • Posição da placenta: é o momento de descartar a placenta prévia ou baixa, condição em que o órgão está localizado na porção inferior do útero e pode aumentar o risco de problemas durante o parto. 

É a partir do terceiro trimestre que o médico também pode solicitar, como complemento, uma análise específica do bebê, chamada de ecocardiografia fetal. 

 

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Como o exame é feito? 

O ultrassom morfológico é um exame considerado não invasivo e indolor. Ele geralmente é realizado por via abdominal (ou seja, na barriga da mulher), mas pode ser complementado pela via transvaginal para avaliar com mais precisão estruturas do bebê (primeiro trimestre) e o comprimento do colo do útero (segundo trimestre). 

Uma vez que esteja na sala de exame, um gel é aplicado na barriga da mãe e um transdutor é utilizado para gerar as imagens abdominais ou transvaginais. É um exame mais detalhado e que demora mais do que os exames obstétricos de rotina.  

Ultrassom morfológico pode descartar todas as alterações genéticas? 

Não. Por ser um exame que avalia a morfologia do bebê e o DNA (material genético) fetal, o ultrassom morfológico não é capaz de descartar todas as condições que podem impactar no neurodesenvolvimento ou no comportamento do bebê.  

Ou seja, o exame consegue, sim, identificar algumas condições genéticas --mas não todas, daí a indicação de realizar testes adicionais caso exista a suspeita de algum problema. 

Por outro lado, o ultrassom morfológico com resultados normais tranquiliza a gestante e reduz bastante a possibilidade de um desses problemas existirem. 

 

 

 

 

Categoria
Saúde