Câncer de tireoide: mulheres são mais propensas à doença
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O câncer de tireoide é um tipo de tumor maligno que se desenvolve na glândula tireoide, localizada na base do pescoço. De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), no período de 2023-2025 serão 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, incluindo o câncer de tireoide (cuja estimativa é de 16.660 casos nesse período).
Conhecer os sintomas, as causas e as opções de tratamento podem ajudar no combate à doença e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Continue a leitura e saiba mais.
O que é câncer de tireoide?
O câncer de tireoide ocorre quando as células da glândula tireoide começam a crescer de forma descontrolada, resultando na formação de um tumor maligno. A tireoide, uma pequena glândula localizada na base do pescoço, é responsável por produzir hormônios que desempenham funções vitais, como a regulação do metabolismo e o controle da temperatura corporal. Quando há um crescimento anormal das células nessa glândula, podem surgir diferentes tipos de câncer, cada um com suas características específicas.
O carcinoma papilífero é o tipo mais comum, representando cerca de 80% dos casos de câncer de tireoide. Ele cresce geralmente de forma lenta e, quando detectado precocemente, oferece altas chances de cura.
Outro tipo, o carcinoma folicular, responde por cerca de 10% dos casos e, assim como o papilífero, tem boas taxas de recuperação quando tratado adequadamente.
Já o carcinoma medular é mais raro, representando aproximadamente 4% dos casos, e pode ter origem hereditária, exigindo atenção especial ao histórico familiar. Por fim, o carcinoma anaplásico e o pouco diferenciado são tipos mais raros e agressivos, com crescimento rápido e maior dificuldade de tratamento curativo.
Embora muitos pacientes não apresentem sintomas nos estágios iniciais da doença, com o passar do tempo podem surgir sinais como nódulos visíveis no pescoço, dificuldade para engolir ou respirar, rouquidão persistente e inchaço na região da tireoide.
Devido à natureza silenciosa do câncer de tireoide nos primeiros estágios, é essencial realizar exames regulares, desde o autoexame até o exame clínico feito por um médico. É fundamental prestar atenção aos sinais do corpo para garantir um diagnóstico precoce e, consequentemente, um tratamento mais eficaz.
Realizar exames clínicos regulares, incluindo palpação do pescoço para detectar nódulos tireoidianos, é uma prática importante para a detecção precoce do câncer de tireoide. Qualquer nódulo ou massa detectada deve ser avaliada por um profissional de saúde.
A ultrassonografia é uma ferramenta valiosa na avaliação de nódulos tireoidianos, permitindo identificar características suspeitas que possam exigir biópsia (punção por agulha fina). Indivíduos com fatores de risco elevados devem discutir com seus médicos a necessidade de exames de imagem regulares.
O que causa câncer de tireoide?
As causas exatas do câncer de tireoide ainda não são completamente compreendidas, mas alguns fatores de risco podem aumentar significativamente as chances de desenvolver a doença.
Um dos principais fatores é a exposição à radiação, especialmente na região da cabeça, pescoço ou tórax. Pessoas que foram submetidas a tratamentos de radioterapia cervical, especialmente na infância, têm um risco maior de desenvolver câncer de tireoide no futuro.
Fatores genéticos também desempenham um papel importante. Alguns tipos de câncer de tireoide, como o carcinoma medular, podem ter uma origem hereditária. Pessoas com histórico familiar de câncer de tireoide devem estar atentas e realizar exames preventivos com regularidade, pois possuem maior risco de desenvolver a doença.
Além disso, o sexo e a idade influenciam as chances de desenvolvimento do câncer de tireoide. Ele incide mais em mulheres do que homens, e a incidência tende a aumentar após os 40 anos.
A prevenção do câncer de tireoide consiste em minimizar a exposição a fatores de risco e promover a conscientização para a detecção precoce. Embora a prevenção total não seja possível, seguir as recomendações abaixo pode reduzir significativamente o risco.
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Evitar exposição desnecessária: a radiação ionizante, especialmente na infância, é um fator de risco significativo para o câncer de tireoide. É essencial evitar exames de imagem desnecessários, como raios-X e tomografias, em crianças. Quando necessários, esses exames devem utilizar a menor dose de radiação que ainda garanta uma imagem clara.
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Proteção em ambientes de trabalho: trabalhadores expostos à radiação devem seguir rigorosamente as diretrizes de segurança e utilizar equipamentos de proteção individual para minimizar a exposição.
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Uso de iodo em situações de exposição radioativa: em casos de contaminação por iodo radioativo, como acidentes nucleares, a administração de iodeto de potássio pode proteger a tireoide, evitando a absorção do iodo radioativo, especialmente em crianças e mulheres grávidas.
Quais são os sintomas de câncer de tireoide?
Os principais sintomas de câncer de tireoide são:
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Presença de nódulo (caroço) no pescoço, que pode ser sentido ao tocar a região da tireoide ou regiões vizinhas no pescoço;
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Dificuldade para engolir;
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Rouquidão persistente;
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Inchaço no pescoço;
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Dificuldade para respirar em casos mais avançados;
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Dor no pescoço ou garganta;
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Perda de peso inexplicada;
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Tosse não relacionada a infecções.
Vale ressaltar um nódulo na tireoide tem maior chance de ser benigno que maligno. No entanto, qualquer alteração na região do pescoço deve ser investigada por um médico especialista (como um cirurgião de cabeça e pescoço ou um endocrinologista) para garantir o diagnóstico correto.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de câncer de tireoide começa geralmente com um exame físico, onde o médico palpa a região do pescoço em busca de nódulos ou inchaços anormais. Se houver suspeita de câncer, uma série de exames adicionais é realizada. Os principais exames incluem:
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Ultrassonografia (US) de tireoide: ajuda a identificar a presença de nódulos e suas características.
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Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) guiada por ultrassonografia (US): um procedimento minimamente invasivo em que uma amostra do nódulo é coletada e enviada para análise para verificar se é ele é maligno ou benigno.
Câncer de tireoide tem cura?
Sim, o câncer de tireoide é considerado um dos tipos de câncer com maiores taxas de cura, especialmente quando são os tipos mais comuns, como o carcinoma papilífero. Entretanto, o prognóstico pode variar conforme o tipo de câncer, o estágio no momento do diagnóstico e a idade do paciente.
Os tipos mais agressivos, como o carcinoma anaplásico e o carcinoma pouco diferenciado, possuem um prognóstico menos favorável, com menor taxa de sobrevida devido à sua rápida progressão e resistência aos tratamentos. Sendo assim, a detecção precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, tornando essencial a conscientização sobre os sintomas e a realização de exames (físico e, quando necessário, a ultrassonografia), especialmente para indivíduos com fatores de risco.
Como é feito o tratamento?
O tratamento do câncer de tireoide varia conforme o tipo de câncer, o estágio da doença, a idade e o estado geral de saúde do paciente. A principal opção é a cirurgia, conhecida como tireoidectomia, que consiste na remoção parcial ou total da tireoide. Em alguns casos, pode ser necessário remover linfonodos próximos à glândula, dependendo da extensão do câncer.
Após a cirurgia, muitos pacientes são submetidos à terapia com iodo radioativo, especialmente nos casos de carcinoma papilífero e folicular, para eliminar qualquer célula cancerígena remanescente no corpo.
Vale mencionar que, após a remoção da tireoide, os pacientes precisam tomar hormônios tireoidianos sintéticos, tanto para substituir a função hormonal da glândula quanto para inibir o crescimento de células cancerígenas que possam ter permanecido.
Para casos mais avançados ou de cânceres mais agressivos, como o carcinoma anaplásico, a radioterapia externa pode ser empregada, visando destruir as células cancerígenas e reduzir os tumores.
Embora a quimioterapia não seja uma prática comum no tratamento do câncer de tireoide, ela pode ser usada em casos de câncer ou quando a doença se espalha para outras partes do corpo.
Além dessas abordagens tradicionais, as terapias-alvo surgem como novas opções, especialmente para casos avançados. Esses medicamentos agem diretamente nas células cancerígenas, bloqueando o seu crescimento e oferecendo novas possibilidades de tratamento para pacientes com tumores mais agressivos ou que não respondem às terapias convencionais.
Com o avanço da medicina, as taxas de sobrevida para a maioria dos casos de câncer de tireoide são altas, e muitos pacientes conseguem levar uma vida normal após o tratamento. Mas vale lembrar que o acompanhamento médico após o tratamento é fundamental para monitorar a saúde do paciente e detectar qualquer recorrência da doença.
Saiba mais sobre o Núcleo de Tireoide do Alta Diagnósticos
Fonte: Dra. Maria Cristina Chammas, Diretora Médica do Alta Excelência Diagnóstica