Apneia do sono: sintomas, diagnóstico e como tratar
Autora: Dra. Rosa Hasan - Médica Neurologista, especialista em Medicina do Sono
Apneia do sono é um distúrbio muito comum do sono que pode ser potencialmente grave. É caracterizado por uma pausa e recomeço da respiração que ocorre continuamente durante a noite.
Os sintomas podem ser bastante incômodos, sendo necessário que o paciente procure auxílio médico para diagnóstico e inicie o tratamento adequado para o seu caso.
O que é apneia do sono?
A apneia é definida como a parada de respiração durante o sono por 10 ou mais segundos, um problema que atrapalha muito a noite de descanso dos pacientes. A mais comum é a obstrutiva, na qual o ar é impedido de entrar nos pulmões pelas obstruções das vias aéreas superiores, apesar dos esforços repetidos para restabelecer a respiração.
Sua ocorrência é maior no sexo masculino, podendo surgir em qualquer idade, mas sendo mais comum entre os 40 e 50 anos de idade.
A obstrução das vias aéreas durante o sono diminui o oxigênio e aumenta o gás carbônico no organismo, e isso exige um grande esforço respiratório para reverter o quadro. É nesse momento que a pessoa desperta e ocorrem contrações musculares que abrem as vias, seguido de um período de aumento de ventilação dos pulmões. Depois o sono retorna com uma nova obstrução das vias, reiniciando esse ciclo várias vezes durante a noite.
O principal fator de risco para a síndrome é a obesidade. Estima-se que cerca de ⅔ das pessoas que sofrem do transtorno são obesas.
Quais são os tipos de apneia do sono?
Os dois principais tipos são:
• Apneia obstrutiva do sono (AOS): doença caracterizada por obstruções recorrentes parciais ou completas da via aérea superior durante o sono, levando a episódios de hipopneias ou apneias, respectivamente.
Esse tipo ocorre em mais ou menos um terço da população adulta de São Paulo, segundo estudo epidemiológico EPISONO publicado em 2010.
• Apneia central do sono: é um transtorno raro encontrado em pacientes com insuficiência cardíaca grave e doenças neurológicas.
Quais são os sintomas de apneia do sono?
Os pacientes se queixam com frequência de sonolência excessiva durante o dia ou sensação de sono não repousante, devido à fragmentação de sono. Outros problemas recorrentes são: depressão, alterações de personalidade, prejuízo das funções cognitivas, atenção, memória e aprendizado.
Além disso, os pacientes são sete vezes mais sujeitos aos acidentes de trânsito do que a população geral.
O que a apneia do sono pode causar?
A apneia obstrutiva do sono leva à hipóxia intermitente (quedas na oxigenação sanguínea), sono fragmentado e frequentemente provoca sintomas e consequências, incluindo não somente sono fragmentado e não reparador, mas também sintomas diurnos, como sonolência excessiva, queda na atenção e qualidade de vida.
Além disso, está também associada a um aumento de risco cardiovascular. Em função da associação de fatores de risco e ao fato da AOS poder contribuir de forma independente a doenças cardiovasculares, a prevalência de AOS é ainda maior em pacientes com doença cardiovascular já estabelecida.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da AOS é determinado classicamente através da polissonografia completa, exame que monitora múltiplos sinais fisiológicos durante a noite de sono, como: atividade elétrica cerebral (eletroencefalograma), movimento dos olhos (eletroculograma), atividade dos músculos (eletromiograma), frequência cardíaca, fluxo aéreo, esforço respiratório, oxigenação do sangue (oximetria), ronco e posição corpórea. O exame pode ser realizado em hospital ou domiciliar.
Um método alternativo denominado poligrafia, que monitora na residência do paciente apenas alguns sinais fisiológicos, foi validado para o diagnóstico de AOS, reduzindo a inconveniência e custos associados com a PSG em laboratórios especializados. Os polígrafos portáteis utilizam um número variável de canais respiratórios, incluindo fluxo aéreo, cintas de esforço respiratório, sensor de posição e oximetria. Esses métodos simplificados e realizados em domicílio estão sendo progressivamente incorporados na prática clínica, e são prática corrente na Europa e em vários centros norte-americanos.
Uma forma alternativa, muito utilizada na Inglaterra, é o holter de oximetria, equipamento que realiza a oximetria e, por consequência, calcula o índice de dessaturação da oxi-hemoglobina (IDO). Este tem se mostrado um método simplificado e útil para o diagnóstico.
Monitoramento Digital da Apneia do Sono (MDAS) - BIOLOGIX
Atualmente, também existem novas tecnologias que facilitam o diagnóstico da apneia do sono, como o Monitoramento Digital da Apneia do Sono (MDAS) - BIOLOGIX, disponível com exclusividade no Alta Diagnósticos. Trata-se de uma solução disruptiva, transformadora e de alto impacto social. Ela apresenta diversas vantagens:
• Fácil de usar em casa;
• Confortável e de baixa rejeição;
• Não exige que o paciente permaneça no laboratório durante a noite.
Ele é composto por:
• Sensor Oxistar: oxímetro de alta resolução + Actígrafo, de uso contínuo durante a noite, com wireless. É compacto e confortável, possuindo sistema de liga/desliga automático, bateria recarregável com duração de 20 horas, LEDs indicadores e estojo para transporte.
• Aplicativo Biologix: o app conta com compartilhamento de exames com médicos, banco de dados armazenado na nuvem, segurança e criptografia, além de entrada de canais adicionais: áudio do ronco, posição e esforço respiratório. Está disponível para Android e iOS.
O resultado desse exame deve ser interpretado pelo seu médico. Após o MDAS, pode ser necessária complementação diagnóstica.
Qual é o tratamento para apneia do sono?
O tratamento padrão ouro para AOS moderada e grave é o uso de aparelho de pressão positiva contínua (CPAP), conectado de forma não invasiva através de máscara utilizada durante o sono. Ele funciona como uma tala pneumática que pressuriza a região posterior da faringe, reduzindo ou eliminando a AOS.
Com isso, é possível melhorar os sintomas associados à apneia obstrutiva do sono. Existem evidências crescentes de que também pode atenuar os efeitos cardiovasculares prejudiciais.
Para casos mais leves, há também o aparelho odontológico de avanço mandibular e possibilidade de tratamento com cirurgias faríngeas. Além disso, a perda de peso pode contribuir para o tratamento da apneia obstrutiva do sono.