Trombofilia: o que é e quais são as causas desse distúrbio hematológico

trobofilia

A formação de coágulos é um mecanismo do corpo para evitar que haja sangramento excessivo quando um vaso sanguíneo sofre lesão. Normalmente, os coágulos são dissolvidos depois de um tempo e não atrapalham o fluxo de sangue. Porém, em determinadas situações, como na trombofilia, o processo de coagulação não ocorre da maneira esperada. Entenda como ela acontece, quais as causas e as formas de tratar. 

 

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O que é trombofilia?   

Quando um vaso sanguíneo sofre algum tipo de lesão, haverá a formação fisiológica de um coágulo sanguíneo visando impedir que haja perda sanguínea excessiva. Normalmente, esses coágulos são dissolvidos pelas proteínas do sistema fibrinolítico após um tempo para que o fluxo sanguíneo se reestabeleça.  

Porém, em determinadas situações, como nos pacientes portadores de condições herdadas que favorecem a ocorrência da trombose, condição essa denominada de trombofilia, o processo de coagulação não ocorre da maneira esperada, favorecendo o surgimento e a manutenção dos coágulos em diferentes regiões   do sistema vascular.   

Portanto, definimos trombofilia como uma maior tendência de formar coágulos sanguíneos, o que aumenta o risco de desenvolvimento de trombose, sendo as mais frequentes, trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar, quadros potencialmente graves.   

A TVP consiste na presença de coágulo em veias profundas dos membros inferiores, afetando o fluxo sanguíneo e a embolia pulmonar ocorre quando esse coágulo se desprende e chega aos pulmões podendo levar a um desfecho fatal. 

O que causa trombofilia?   

A trombofilia pode ter causa hereditária ou adquirida, sendo que a associação de ambas as condições potencializa o aparecimento da trombose.  
 
As principais mutações genéticas capazes de favorecer o desenvolvimento da trombofilia hereditária são:  
 

  • Fator V Leiden;  

  • Mutação da protrombina (G20210A);  

  • Deficiência de proteína C e S;  

  • Deficiência de antitrombina. 
     

Já entre os fatores adquiridos que podem contribuir para o surgimento de trombose ao longo da vida, estão: 

  • Síndrome antifosfolípide;  

  • Gravidez, período pós-parto;  

  • Uso de anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal;  

  • Imobilização prolongada (como ocorre em longas viagens de avião ou em períodos de repouso absoluto no leito);  

  • Doenças inflamatórias (como lúpus e artrite reumatoide);  

  • Câncer;  

  • Quimioterapia; 

  • Tabagismo. 

Quais são os sintomas de trombofilia?   

Paciente com quadro de tromboembolismo venoso terá a clínica relacionada com o tipo de vaso afetado, como por exemplo:  

  • Vasos sanguíneos das pernas - dor, inchaço e vermelhidão nos membros inferiores;  

  • Vasos do abdome, condição mais rara - dor abdominal intensa, vômitos e/ou diarreia;  

  • Vasos dos pulmões - falta de ar e dor no peito. 

 

Trombofilia na gravidez: quais são os riscos?   

Na gravidez, a mulher encontra-se fisiologicamente em um estado de hipercoagulabilidade. E, quando esse estado estiver associado a algum tipo de defeito hereditário nas proteínas plasmáticas da coagulação ou da fibrinólise ou, a condições adquiridas, como imobilização prolongada, período pós-parto, e em especial, a síndrome antifosfolípide (SAF) que compromete várias etapas do processo fisiológico da hemostasia, haverá um maior risco para a ocorrência de:   

  • Trombose venosa profunda na gestante;  

  • Embolia pulmonar na gestante;  

  • Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia na gestante;  

  • Aborto espontâneo;  

  • Alteração do fluxo sanguíneo na placenta (o que pode fazer com que o bebê receba menos nutrientes e oxigênio);  

  • Descolamento prematuro da placenta (que pode levar a parto prematuro ou bebê natimorto). 

Como é feito o diagnóstico?   

O médico costuma fazer questionamentos sobre sintomas, histórico familiar de trombose, histórico de doenças crônicas e fatores de risco, além de conduzir um exame físico minucioso.  
 
Também são realizados exames laboratoriais, incluindo o coagulograma, o hemograma, a determinação do dímero-D para afastar a possibilidade de um evento tromboembólico em pacientes com baixa ou intermediária probabilidade pré-teste.  

E para pacientes com alta probabilidade pré-testes de trombose deverão ser solicitados exames de imagem (como doppler venoso, ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, mapeamento ventilação-perfusão) com o objetivo de detectar a presença de coágulos e/ou avaliar o fluxo sanguíneo.  

Além disso, havendo suspeita de causa hereditária, é possível investigá-la através de um painel de exames extenso, que também inclui testes genéticos, como o painel NGS para trombofilia que permite identificar eventuais variações nos genes associados a essa condição. 

Qual é o tratamento para trombofilia?   

Pacientes portadores assintomáticos de alguma condição de risco para trombose não deverão ser tratados, salvo quando expostos a algumas condições de risco, como, por exemplo, imobilização prolongada, cirurgias de grande porte, uso dos contraceptivos orais e reposição hormonal, e ainda na dependência do tipo de defeito existente e sua severidade.  

No paciente com trombose diagnosticada, independentemente da causa, o tratamento é feito com anticoagulantes, que ajudam a dissolver coágulos e evitar a formação de novos trombos. Tais medicações são administradas por via parenteral na fase aguda e, posteriormente, por via oral ou subcutânea, por tempo a ser definido pelo clínico de acordo com a severidade do evento. 

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Qual médico procurar?   

Pacientes com quadros de trombose, normalmente, são atendidos em serviços de urgência/emergência e, posteriormente, poderão ser encaminhados para um médico especialista, podendo ser um hematologista ou mesmo um angiologista (médico vascular), cujo foco principal é o sistema circulatório, formado por vasos sanguíneos venosos e arteriais de diferentes calibres. 

 

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Fonte: Dra. Marjorie Colombini, MD, PhD. Médica Patologista Clínica especialista na área Laboratorial de Hemostasia.
Categoria
Saúde