Gastrosquise tem solução; entenda o problema

gastrosquise

Autor: Dr. Javier Miguelez, médico especialista em medicina fetal do laboratório Alta Diagnósticos e da Dasa Genômica. 

 

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Gastrosquise é um defeito congênito que afeta 1 em cada 4 mil nascidos vivos. Caracteriza-se por ser um defeito no fechamento da parede abdominal do bebê que expõe a vísceras da criança e geralmente é descoberto durante os exames de ultrassom no pré-natal. Siga a leitura para entender mais sobre o problema.

  

O que é Gastrosquise? 

Gastrosquise é um defeito congênito da parede abdominal do bebê, em geral próximo e à direita do umbigo, pelo qual podem se exteriorizar algumas vísceras, mais comumente alças do intestino delgado. O problema é geralmente descoberto durante os exames de ultrassom do pré-natal. 

 

Causas da gastrosquise 

As causas desse problema não são bem conhecidas. Alguns casos foram associados ao uso de álcool, tabagismo e substâncias ilícitas. Mas, na maior parte das vezes, não é encontrada uma causa específica.  

Por motivos que não compreendemos bem, os casos de gastrosquise são mais frequentes em gestantes adolescentes e muito magras; e naquelas com infecções de repetição do trato urinário.  

Vale dizer ainda que a gastrosquise, ao contrário de outras malformações, não é associada a alteração no número de cromossomos ou síndromes genéticas 

 

Qual a relação entre a gastrosquise e onfalocele? 

As duas são defeitos da parede abdominal. No entanto, na onfalocele, as vísceras herniadas são recobertas por uma membrana, enquanto na gastrosquise, não.  

Outro ponto é que a onfalocele, ao contrário da gastrosquise, é associada a anomalias no número de cromossomos e síndromes genéticas em cerca de 20% dos casos. Ambas as condições são tratáveis assim que o bebê nasce e o prognóstico é muito bom, exceto nos defeitos grandes. 

Na verdade, o prognóstico nas onfaloceles isoladas (aquelas que não são sindrômicas) é melhor que nas gastrosquises. Nestes casos, é muito comum que o bebê nasça com peso baixo e prematuro. Também existe risco um pouco aumentado de óbito fetal, por motivos que não são totalmente elucidados. Esse risco pode ser minimizado fazendo um acompanhamento cuidadoso e frequente com um especialista em medicina fetal.  

Cerca de 10% dos casos de gastrosquise são complicados por estreitamentos ou obstruções no intestino delgado (chamadas de atresias intestinais). Esses casos podem exigir correções cirúrgicas adicionais, longo tempo de permanência hospitalar e de nutrição parenteral (administração de nutrientes diretamente no sangue ao invés de alimentação oral).  

Em alguns casos raros, longos trechos de intestino precisam ser removidos e o intestino restante é insuficiente para nutrir adequadamente o bebê (quadro chamado de síndrome do intestino curto). Na onfalocele, esse tipo de complicação é muito rara. 

 

Diagnóstico de gastrosquise 

O diagnóstico de gastrosquise pode ser feito pelo ultrassom morfológico do primeiro trimestre, a partir de 12 semanas de gestação (três meses). Em alguns casos, o diagnóstico pode exigir confirmação em fases posteriores da gestação.  

Não é um diagnóstico difícil, basta um exame detalhado e sistematizado. O que é mais difícil é predizer se o caso é de uma gastrosquise simples ou se é uma gastrosquise complicada. 

Alguns sinais ultrassonográficos foram associados ao risco aumentado de gastrosquise complicada, como por exemplo a dilatação intra-abdominal de alças intestinais. Por isso, nesses casos, o especialista em medicina fetal precisa monitorar o diâmetro dessas alças.  

Ele também monitora o crescimento fetal, quantidade de líquido amniótico e o fluxo sanguíneo nos vasos do bebê. Essas medidas, junto aos resultados da cardiotocografia, são úteis para reduzir o risco de óbito fetal. 

 

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Formas de tratamento 

O tratamento da gastrosquise é feito por meio de uma cirurgia simples assim que o bebê nasce. A conduta pode variar de acordo com a preferência do cirurgião pediátrico, mas, em geral, as alças intestinais são reduzidas para o interior do abdome e o defeito na parede abdominal é suturado.  

No seguimento ao longo do primeiro mês de vida, é monitorado se o bebê consegue se alimentar e evacuar e, se houver alguma preocupação, são realizados exames simples de imagem, como o raio-x do abdômen.  

Se houver sinais de gastrosquise complicada (suspeita de obstrução), uma nova cirurgia é realizada (laparotomia) e é examinada alça por alça para corrigir outras eventuais obstruções.  

Atualmente, está em estudo se a gastrosquise poderia se beneficiar de uma correção antes mesmo de nascer. Já houve, inclusive, um caso em que a correção foi realizada dentro do útero usando laparoscopia.  

Entretanto, essa proposta ainda é experimental, pois não há comprovação de que a correção antes do bebê nascer tenha alguma vantagem em comparação à cirurgia feita após o nascimento do bebê. 

Além disso, as cirurgias realizadas dentro do útero aumentam bastante o risco de prematuridade no bebê, além de ter também um pequeno risco materno. Por isso, à luz das informações que temos no momento, é mais seguro esperar o bebê nascer e a correção intrauterina deve ser restrita ao ambiente de pesquisa. 

 

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Categoria
Saúde