Doença de Alzheimer (DA): sintomas, diagnóstico e tratamento
Autor: Dr. Rafael Brandão Canineu - Médico Geriatra
O Alzheimer é um distúrbio cerebral irreversível e progressivo que afeta a memória e as habilidades de pensamento e, em alguns casos, a capacidade de realizar as tarefas consideradas simples.
A doença acomete, principalmente, pessoas com mais de 60 anos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens.
Há três estágios comuns da doença, o inicial, o intermediário e o avançado.
O que é Alzheimer?
O Alzheimer é um dos mais de 60 tipos de demência, que pode ser definida como uma doença degenerativa, ou seja, um processo progressivo de perda das funções cerebrais mais nobres, como memória, comportamento, linguagem, atenção, capacidade de planejamento, representando um declínio do estado geral de uma pessoa em relação a um estado anterior e influenciando seu desempenho para as Atividades de Vida Diária (autocuidado, continência, transferências e alimentação).
É o tipo de demência mais comum, representando aproximadamente de 50 a 70% dos casos.
O que acontece com o cérebro?
O cérebro de um paciente com doença de Alzheimer sofre um processo degenerativo, progressivo e irreversível, com morte de neurônios localizados principalmente em regiões específicas do cérebro, responsáveis pela memória e outras funções cognitivas.
Fases do Alzheimer
A doença se divide em 3 fases, desde um estágio inicial, de menor dependência, até o estágio avançado, em que a dependência é total.
Estágio inicial
A primeira fase (leve) dura, aproximadamente, de 2 a 3 anos, com a presença de sintomas vagos difusos, instalação lenta onde a principal característica é a memória alterada. O paciente nessa fase também pode apresentar desorientação, alterações da linguagem, aprendizado, concentração e crítica comprometida.
Estágio intermediário
Já a segunda fase (intermediária) dura, aproximadamente, de 3 a 5 anos, também é progressiva e lenta, com maior deterioração de memória e sintomas mais pronunciados. Acompanham alterações no cálculo, julgamento, planejamento e abstração. As emoções, personalidade e comportamento social também podem ficar progressivamente alterados. Já com o avanço desta fase ocorrem alterações de postura, marcha e tônus muscular.
Estágio avançado
A última fase (grave) tem uma duração variável, pois existem mais recursos para o tratamento das complicações da doença (infecções, desidratação e lesões de pele) e os indivíduos podem viver muitos anos nesta fase. As funções do organismo já se encontram mais gravemente comprometidas. A fala já está prejudicada. Mais comumente se observa incontinência urinária e fecal. Podem aparecer sintomas e sinais neurológicos grosseiros: rigidez, convulsões, tremores e movimentos involuntários. Esta fase evolui até o estado total vegetativo, culminando com a morte.
Qual é a causa da Doença de Alzheimer?
Ainda não está bem estabelecida uma causa específica para o aparecimento da doença de Alzheimer, porém o que se sabe é que existem inúmeros fatores de risco que podem contribuir para o seu aparecimento. De forma geral, os fatores de risco para as doenças do coração (diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia) são os mesmos que para a doença de Alzheimer. Além desses, a depressão, traumatismo craniano, isolamento social e hábitos ruins como sedentarismo, por exemplo.
Os casos “genéticos” são mais raros, representando algo em torno de 5%, e geralmente a doença se apresenta de forma mais grave, com evolução mais rápida e início em idades mais jovens (antes dos 60 anos). Os outros 95% são de aparecimento esporádico. O risco de desenvolver a doença é mais alto (de 2 a 3 vezes) em indivíduos que têm parentes de primeiro grau acometidos, assim como esse risco é aumentado na grande maioria das doenças.
Sintomas de Alzheimer
No estágio inicial, os principais sintomas do Alzheimer são:
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Memória alterada;
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Desorientação;
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Alterações da linguagem, aprendizado e concentração;
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Crítica comprometida.
No estágio intermediário, os sintomas incluem:
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Maior deterioração de memória;
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Alterações no cálculo, julgamento, planejamento e abstração;
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Alterações nas emoções, personalidade e comportamento social;
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Alterações de postura, marcha e tônus muscular.
Já no estágio avançado, as funções do organismo se encontram mais gravemente comprometidas. Os sintomas principais são:
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Incontinência urinária e fecal;
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Sinais neurológicos graves, como rigidez, convulsões, tremores e movimentos involuntários.
Quando procurar um médico?
De forma geral, todo indivíduo deve ter um médico de confiança que o acompanhe de forma contínua e durante a sua vida, podendo, desta forma, identificar precocemente qualquer sinal de que algum problema existe ou que algo não esteja bem.
Em relação às queixas de memória, ao primeiro sinal de que existem alterações ou dificuldades percebidas pelo próprio paciente ou mesmo familiares, um profissional que entenda de problemas relacionados ao envelhecimento deve ser procurado. Geralmente um geriatra, médico de família ou neurologista.
Como é feito o diagnóstico da doença?
O diagnóstico da doença de Alzheimer é clínico, ou seja, é realizado através de uma consulta médica, onde o profissional faz uma anamnese com o paciente e também com seus familiares para entender todas as características das queixas e realizar o diagnóstico. Através da história, exame físico e aplicação de testes específicos de avaliação das funções cerebrais, o médico faz a hipótese e diagnóstico da doença.
Manter suas consultas de rotina em dia para avaliação dos exames necessários é essencial.
Exames que detectam a doença de Alzheimer
Após a consulta, normalmente são realizados exames de sangue e imagem, que podem ser desde uma tomografia ou ressonância magnética de crânio, até exames mais específicos. Normalmente esses exames são solicitados para que o médico possa excluir a presença de alguma outra doença que possa causar queixas parecidas com a doença de Alzheimer, assim como também avaliar nos exames de imagem alterações que possam sugerir a doença, como atrofia em regiões específicas do cérebro, não de forma a realizar o diagnóstico, mas de contribuir para esse diagnóstico.
Punção de Líquor
Existem exames específicos que podem auxiliar no diagnóstico confirmatório da doença. São biomarcadores coletados através da punção de líquor e têm um papel muito importante nos casos duvidosos, de comportamento menos típico ou de aparecimento precoce. A análise dos biomarcadores deve sempre ser realizada em associação com a história clínica, com a avaliação neuropsicológica e exames de imagem.
Exame de sangue
O primeiro exame de sangue para avaliar o risco de Alzheimer chegou ao Brasil recentemente. Recomendado para pessoas com comprometimento cognitivo leve e demência, o exame busca quantificar a proteína beta amiloide 42 e 40, cuja relação está diminuída na doença de Alzheimer.
O procedimento é realizado por punção venosa, ou seja, por uma coleta de sangue simples, que pode ser realizada em laboratório. Por isso, tem sido considerado um exame para avaliação do risco de Alzheimer menos desconfortável e mais acessível.
A avaliação de risco de Alzheimer pode ajudar a identificar pessoas aptas ao tratamento precoce com anticorpos, que visa frear a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.
Vale ressaltar que nenhum biomarcador é capaz de, isoladamente, diagnosticar de forma acurada a Doença de Alzheimer. Entretanto, a combinação de biomarcadores, exames de neuroimagem e um bom exame clínico permite aumentar a acurácia diagnóstica, com sensibilidade e especificidade adequadas para a discriminação de demência relacionada à doença de Alzheimer.
Onde fazer os exames?
Para realizar seus exames no Alta, basta acessar o Nav Dasa e escolher o dia, horário e unidade de sua preferência.
Tratamentos para Alzheimer
O tratamento da doença de Alzheimer envolve o uso de medicamentos e terapias não medicamentosas, ou seja, que não se faz através do uso de remédios. É importante saber que apesar do Alzheimer ainda não ter cura e nem tratamento capaz de modificar a história natural da doença é possível, em alguns casos, através da combinação das terapias atuais, reduzir o avanço da doença, e até observar melhoras significativas.
O tratamento não medicamentoso envolve o de treino de memória e reabilitação cognitiva, além da manutenção de hábitos de vida saudáveis, como atividade física e alimentação adequada. Não existe forma de tratar adequadamente pacientes com doença de Alzheimer ou qualquer outro tipo de síndrome demencial que não através da abordagem com uma equipe multidisciplinar, o que envolve a presença não apenas do médico, mas do fisioterapeuta, nutricionista, terapeuta ocupacional, dentre tantos outros profissionais.
Medicamentos para Alzheimer
Medicamentos da classe chamada de anticolinesterásicos são utilizados como tratamento de escolha para a doença. Fazem parte dessa classe as medicações Rivastigmina, Galantamina e Donepezila. Em estágios mais avançados pode-se usar de forma associada uma classe adicional, os chamados inibidores do glutamato, como a memantina.
Alzheimer tem cura?
Alzheimer não tem cura e nem tratamento que modifique a história natural da doença. Porém, em alguns casos, é possível evitar o avanço da doença utilizando as terapias já existentes.
Como prevenir a doença de Alzheimer?
Como dito anteriormente, os hábitos que previnem as doenças do coração também previnem as doenças do cérebro e memória. Desta forma, ter hábitos saudáveis como praticar atividade física, boa alimentação, cessação do tabagismo, além do controle das doenças crônicas, como pressão alta, diabetes e colesterol alto, podem prevenir o aparecimento da doença de Alzheimer. Além disso, evitar o isolamento social, tratar quadros depressivos, manter atividades que estimulam nosso cérebro, como novos aprendizados, são fundamentais para manutenção da cognição e melhora.
Prognóstico e recomendações
A doença de Alzheimer é uma doença progressiva que não afeta apenas o paciente, mas todo o seu círculo familiar, já que atualmente não existe uma cura, e o impacto familiar, emocional e financeiro são muito grandes. Apesar de tudo, é fundamental sabermos que sempre há o que fazer, talvez não no sentido da cura, mas no sentido do cuidado, do amor e da manutenção da dignidade do paciente, que não deixa de ter uma história de vida, apesar de muitas vezes não ter mais memória disso.