Adenovírus: quais áreas do corpo ele prefere infectar?
As infecções causadas por adenovírus são comuns e podem atingir pessoas de todas as idades – mas ocorrem com maior frequência nas crianças. Esse grupo de vírus é responsável por causar uma variedade de sintomas que afetam diferentes partes do corpo, como o trato respiratório, os olhos e o sistema digestivo.
Embora na maioria dos casos as infecções sejam leves, o adenovírus pode levar a complicações graves em indivíduos com sistema imunológico comprometido. Saiba mais sobre a infecção a seguir.
O que é adenovírus?
O adenovírus é um tipo de vírus de DNA e que tem aproximadamente 90 tipos distribuídos em sete espécies classificadas de acordo com características genéticas distintas. Em comum, eles têm a capacidade de causar infecções nos humanos, que podem ser leves ou graves, dependendo do sistema imunológico do indivíduo infectado.
A maioria das infecções está relacionada a problemas respiratórios ou gastrointestinais (especialmente em crianças pequenas). Mas os adenovírus também podem causar problemas urinários e conjuntivites.
Vale lembrar que os adenovírus também são utilizados em pesquisas científicas e até no desenvolvimento de vacinas. Durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), por exemplo, a vacina Oxford-AstraZeneca foi desenvolvida a partir do uso de um adenovírus modificado (o tal “vetor viral”) para produzir a imunidade necessária contra a covid-19. De acordo com a Fiocruz, outras duas vacinas aprovadas e utilizadas contra surtos de Ebola na África também são feitas utilizando o adenovírus como vetor viral.
Como ocorre a transmissão do adenovírus?
A principal forma de transmissão dos adenovírus é por meio de contato com secreções contaminadas, como secreções respiratórias (saliva, muco e partículas aerossóis dispersas no ar por meio de tosse, por exemplo) de uma pessoa doente, que podem ser inaladas ou contaminar objetos e superfícies.
Outra forma de contaminação é por meio oral-fecal, ou seja, pela contaminação das mãos, de objetos, alimentos e água, com fezes de alguém doente (neste caso, com sintomas gastrointestinais).
Nos casos de conjuntivite, o contato com a secreção ocular também pode contaminar as mãos e transmitir a doença.
É comum que surtos ocorram em locais com grande concentração de pessoas, como escolas, creches e acampamentos. Isso porque o adenovírus é altamente resistente mesmo quando exposto ao ambiente.
Quais são os tipos de infecções por adenovírus?
Os adenovírus geralmente provocam infecções no trato respiratório ou gastrointestinal. No entanto, eles também podem “atacar” as vias urinárias e os olhos. As principais infecções causadas por esses vírus são:
- Resfriado comum;
- Faringite;
- Bronquite;
- Pneumonia;
- Gastroenterite;
- Conjuntivite;
- Cistite (infecção da bexiga).
O adenovírus também pode ser responsável por causar meningite, inflamação que atinge as meninges, membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. A doença viral, no entanto, é menos grave do que a infecção bacteriana e geralmente evolui de forma benigna na maioria dos casos.
Geralmente, a investigação diagnóstica é direcionada pelos sinais e sintomas dos pacientes sugerindo infecção pelo adenovírus. A detecção do adenovírus pode ser feita por meio de exames como o painel viral e o exame de sangue para infecções virais, que são requisitados pelo médico.
Quais são os sintomas de infecções por adenovírus?
Os sintomas de infecções por adenovírus variam conforme a parte do corpo afetada e o tipo de infecção. No entanto, alguns sinais comuns incluem:
- Febre;
- Dor de garganta;
- Tosse;
- Congestão nasal;
- Vermelhidão e irritação nos olhos;
- Diarreia e dor abdominal (em casos de gastroenterite);
- Dor de cabeça forte e súbita (em casos de meningite viral).
Os sintomas geralmente surgem de dois a 14 dias após a exposição ao vírus. Na maioria dos casos, as infecções são autolimitadas e desaparecem após alguns dias.
Como prevenir?
Não existe uma vacina específica para prevenir infecções pelo adenovírus. No entanto, algumas medidas simples podem ajudar a reduzir o risco de transmissão.
A primeira delas é a mais conhecida: lavar as mãos com água e sabão frequentemente, principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e depois de ter contato com pessoas doentes. Na impossibilidade de usar água e sabão, o álcool em gel também pode ser utilizado.
Outro ponto importante é manter o ambiente sempre limpo, desinfetando superfícies (especialmente se houver alguém doente em casa). Também é importante lavar bem os alimentos antes de consumi-los e beber somente água mineral ou filtrada.
Evitar o contato com pessoas doentes também é uma forma de reduzir a exposição ao vírus. Por isso, os doentes devem ficar em casa (crianças não devem ir à escola) até que melhorem. Já indivíduos com baixa imunidade podem usar máscara descartável para evitar a contaminação quando precisarem estar presentes em ambientes com grande concentração de pessoas.
Como é o tratamento para infecções sobre adenovírus?
Não há um tratamento específico para infecções por adenovírus. O manejo dos casos geralmente envolve o alívio dos sintomas, como febre e dor, por meio de medicamentos antitérmicos e analgésicos. Nos casos de infecções respiratórias pode ser necessário o uso de nebulizações ou, em casos graves, de oxigenoterapia.
Para conjuntivite, compressas frias e colírios lubrificantes podem ajudar a aliviar o desconforto. Já os casos de gastroenterite devem fundamentar o cuidado na hidratação, que é fundamental principalmente para as crianças — que têm mais propensão a desidratarem após crises de diarreia e vômitos.
Por fim, pacientes com sistema imunológico comprometido podem precisar de tratamento intensivo, já que a infecção pode se manifestar de forma mais severa e prolongada.
Fonte: Dra. Ligia Pierrotti, médica infectologista da Dasa, especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias