Herpes Genital: doença não tem cura, mas pode ser prevenida e tratada

Herpes Genital: doença não tem cura, mas pode ser prevenida e tratada

herpes genital é uma infecção sexualmente transmissível, transmitida principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas. Ela pode causar lesões dolorosas na região genital e desconforto físico e emocional em quem convive com o vírus.  
 
Estima-se que, no mundo, mais de 400 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus herpes simples tipo 2 (HSV-2), segundo a Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia.  
 
Embora não exista cura para a infecção, o herpes genital pode ser controlado com tratamento adequado, melhorando a qualidade de vida e reduzindo o risco de transmissão.

O que é herpes genital? 

O herpes genital é uma IST (infecção sexualmente transmissível) causada pelo vírus herpes simples e que se manifesta por pequenas vesículas agrupadas na pele e/ou as membranas mucosas dos genitais de homens e mulheres. A doença é transmitida pelo contato sexual, por meio do sexo vaginal, anal ou oral e pelo canal do parto em gestantes infectadas.

O herpes genital é causado pelo vírus herpes simples, que possui diversas cepas. O mais comum é que a doença na região genital ocorra pelo chamado tipo 2 (HSV-2) e que o tipo 1 (HSV-1) ocorra mais em lesões dos lábios, da face das regiões expostas a luz solar. Mas, hoje, essa relação já não é mais tão exata, já que o sexo oral pode levar o tipo 1 à região genital, por exemplo.

Vale mencionar que a infecção fica latente na terminação nervosa dos nervos periféricos e novos surtos pode surgir. 
 
 

Como ocorre a transmissão do herpes genital?

A forma mais comum de transmissão do herpes genital é por meio de relações sexuais sem proteção. Durante o sexo, o vírus é transmitido da área infectada (lesão) para o parceiro. Mesmo se a pessoa contaminada não apresentar sintomas (como lesões visíveis), ela pode transmitir o vírus. 
 
Existe ainda risco de transmissão vertical, ou seja, a mulher infectada transmite o vírus do herpes genital para o bebê durante o parto vaginal.   
 
 

Quais são os sintomas de herpes genital? 

No começo, a pessoa contaminada sente formigamento e um certo desconforto na região. Depois de 12 a 14 horas, surgem pequenas vesículas que se agrupam em uma base avermelhada, causando coceira. Nos próximos dois a três dias, essas vesículas podem evoluir para lesões doloridas, as úlceras. 
 
A intensidade dos sintomas costuma ser maior entre o sétimo e o décimo dia e, no total, o ciclo pode durar até três semanas, especialmente para pessoas com imunidade baixa.  
 
Vale mencionar que o primeiro episódio de herpes tende a ser mais doloroso e incômodo do que os surtos subsequentes. O vírus fica no organismo (não há cura), sendo comum que uma pessoa com herpes genital não apresente sintomas por muitos anos, até a próxima crise.

Herpes genital feminina 

As mulheres com herpes genital podem ser assintomáticas e não manifestar a doença.  Porém, quando eles surgem são caracterizados por pequenas vesículas, que se transformam em úlceras dolorosas na área genital, como vulva, clitóris, vagina, colo uterino, períneo, perianal e canal anal. Algumas mulheres podem ter um aumento do corrimento vaginal.

Herpes genital masculina  

Os homens também podem ser assintomáticos. Porém, é comum que apareçam pequenas vesículas ou úlceras dolorosas que podem se desenvolver na área genital, como pênis, bolsa escrotal, períneo, região perianal e canal anal. 
 
Vale ressaltar que, embora a carga viral seja maior e a transmissão sexual seja mais provável na presença de lesões visíveis, a maioria das infecções ocorre durante o ato sexual entre parceiros assintomáticos. 

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico de herpes genital é realizado após a análise de sintomas e exames laboratoriais. Geralmente, o especialista analisará a presença de vesículas ou úlceras, quando a doença estiver sintomática.

É importante realizar a cultura das lesões, ou seja, a coleta das vesículas ou do material da úlcera para a testagem dos anticorpos para HSV-1 e HSV-2 e também o teste de PCR, exame de biologia molecular considerado padrão ouro e que detecta o DNA do vírus. No caso de úlceras extensas ou crónica, é realizada a biópsia das lesões. 

Herpes genital tem cura? 

O herpes genital não tem cura e as opções de tratamento visam controlar seus sintomas e melhorar a qualidade de vida do portador do vírus.  
 
Lembrando que, mesmo quando os sintomas desaparecem, o vírus continua no corpo, só que dormente. E, a cada “gatilho” – como privação de sono, estresse e fadiga –, ele pode reativar a doença.

Tratamento

O tratamento visa controlar os sintomas, reduzir a duração dos desconfortos e diminuir o risco de transmissão.  Por conta disso, são indicados medicamentos antivirais, que diminuem significativamente a duração e a gravidade da doença ao impedir a multiplicação do vírus.  
 
Também podem ser recomendados medicamentos para aliviar a dor, como analgésicos e cremes tópicos. 
 
O paciente pode até renunciar ao tratamento e esperar o quadro melhorar, o que muitas vezes acontece em duas a três semanas. Mas essa fase tende a mais sofrida. O ideal seria, assim que surgirem os primeiros sinais de crise, já iniciar o tratamento com o antiviral. Assim, é possível reduzir o tempo de remissão. 
 
Lembrando que podem surgir complicações em alguns casos, desde uma retenção urinária até quadros mais graves como a disseminação do vírus no fígado, no pulmão e nas meninges.

Como evitar a recorrência das lesões?

Para reduzir o número de recidivas da doença, o portador do herpes genital precisa necessariamente cuidar da imunidade. E o caminho a gente já sabe: alimentação nutritiva e a mais natural possível, qualidade e quantidade de sono, gerenciamento do estresse e atenção ao bem-estar e saúde mental. 

Se os episódios estiverem mais recorrentes, vale buscar orientação com o ginecologista, o urologista ou um nutrólogo. Este profissional pode indicar mudanças na rotina e da dieta, como a restrição de certos alimentos e o uso de suplementos. 
 

Existe vacina para herpes genital? 

Atualmente, não existe uma vacina aprovada para prevenir o herpes genital. As vacinas experimentais ainda estão em fase de pesquisa clínica e alguns estudos têm mostrado avanços promissores, especialmente para vacinas de mRNA e imunoterapias, mas ainda não há uma opção disponível para o público.

Enquanto a vacina não chega, a melhor forma de prevenção contra o herpes genital é o uso de preservativos, a prática de sexo seguro e o acompanhamento médico, especialmente para pessoas com histórico de infecções virais ou sistema imunológico enfraquecido.

Autora: Dra. Maria dos Anjos – ginecologista na Dasa