Endometriose profunda: entenda a condição
Autora: Adriana Bittencourt Campaner, ginecologista e obstetra da Dasa
A endometriose profunda é caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, afetando órgãos como bexiga, intestino e ureter.
É uma doença ginecológica crônica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva.
Apesar de sua prevalência, no entanto, a doença ainda é pouco conhecida, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento, impactando negativamente a qualidade de vida das pacientes.
Siga a leitura para saber mais sobre o problema.
O que é endometriose profunda?
A endometriose profunda é a forma mais grave da endometriose e ocorre quando o foco da doença invade o tecido por mais de 5 mm.
Isso provoca lesões mais profundas e que podem afetar outras estruturas e órgãos como apêndice, intestino, reto, vagina, bexiga e ureter.
O que causa endometriose profunda?
As causas da endometriose profunda ainda não são completamente conhecidas. No entanto, alguns fatores podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença, como:
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Predisposição familiar;
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Alterações hormonais;
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Resposta imunológica anormal;
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Fluxo menstrual contrário (ou menstruação retrógrada), condição que pode levar células endometriais para fora do útero. Nessa situação, o sangue menstrual “volta” pelas tubas, podendo cair na cavidade pélvica e levar ao problema.
Quais são os sintomas de endometriose profunda?
Os sintomas da endometriose profunda podem variar em intensidade e frequência. Os mais comuns são:
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Dor pélvica intensa durante a menstruação, nas relações sexuais, ao evacuar ou urinar;
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Dor durante ou após a relação sexual;
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Sangramento vaginal abundante durante a menstruação;
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Constipação, diarreia ou sangramento anal ao evacuar;
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Dificuldade para engravidar;
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Fadiga e cansaço excessivos;
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Dor abdominal crônica, que pode ocorrer dentro ou fora do período menstrual.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da endometriose profunda pode ser desafiador, já que os sintomas podem ser confundidos com outras doenças.
A consulta médica detalhada, com análise do histórico de sintomas e saúde; além da realização de exames específicos, são medidas essenciais para um diagnóstico preciso.
Exames para endometriose profunda
O exame de ultrassom transvaginal é bastante útil para detectar a presença de lesões indicativas de endometriose profunda.
No entanto, o exame é melhor realizado com preparo do intestino (ultrassom transvaginal com preparo intestinal) para melhor visualização dos focos de endometriose.
Já a ressonância magnética é importante para avaliar a extensão da doença e o possível acometimento de outros órgãos.
No entanto, vale ressaltar que, para avaliar de forma mais precisa as lesões de endometriose, a ressonância deve ser feita com preparo específico para melhorar a visibilidade dos órgãos; e realizada, de preferência, por um médico especialista na doença.
O ideal é que seja feito um acompanhamento da saúde da mulher com um ginecologista que, anualmente examine e converse com a paciente, além de solicitar eventuais exames complementares.
Quais são os riscos da endometriose profunda?
Além da dor crônica e da disfunção sexual, a endometriose profunda, quando não tratada ou não controlada corretamente, pode levar a complicações graves, como infertilidade, obstrução intestinal, ruptura de cistos ovarianos e comprometimento da função urinária.
Endometriose profunda pode virar câncer?
Embora a endometriose esteja associada a um risco ligeiramente aumentado de certos tipos de câncer, como o de ovário, não há evidências sólidas que sugiram que a endometriose profunda possa se transformar diretamente em câncer.
Tratamento para endometriose profunda
O tratamento da endometriose profunda depende da gravidade dos sintomas, da idade da paciente e do desejo de ter filhos.
As opções incluem terapia medicamentosa, fisioterapia para amenizar a dor pélvica e disfunção sexual e, em casos mais graves, a cirurgia laparoscópica para remoção de tecido endometrial.
Cirurgia para endometriose profunda
A cirurgia laparoscópica é frequentemente realizada para tratar a endometriose profunda, visando a remoção de tecido endometrial, aderências e nódulos, preservando ao máximo os órgãos pélvicos.
O procedimento tem como principal objetivo aliviar a dor da paciente e melhorar sua qualidade de vida, bem como seu estado geral de saúde ao evitar complicações da doença.