Alopecia: condição é avaliada pelo médico dermatologista
A alopecia acomete, tipicamente, o couro cabeludo, mas pode afetar também pelos de outras áreas corporais. Esse é um problema que pode estar associado a diversas causas, incluindo fatores genéticos, hormonais, autoimunes, entre outros. É fundamental que os pacientes sejam avaliados individualmente por um dermatologista para que recebam o tratamento mais adequado de acordo com o seu caso particular.
No Brasil, o tipo de alopecia mais comum é a chamada alopecia androgenética, também conhecida como calvície. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 42 milhões de pessoas no país sofrem com o problema.
O que é alopecia?
Alopecia é uma condição dermatológica caracterizada pela perda anormal de cabelo ou de pelos, que ocorre por alteração do ciclo de renovação dos fios ou por danos aos folículos capilares.
Vale esclarecer que perder uma pequena quantidade de fios diariamente é esperado, pois existe um processo natural de renovação: alguns fios caem após determinado período de crescimento, enquanto outros nascem. No entanto, a queda excessiva de cabelo ou pelos é considerada uma doença, podendo estar associada a problemas no couro cabeludo ou no restante do organismo.
O que causa alopecia?
Há vários fatores que podem interferir no crescimento dos fios e desencadear a alopecia:
Genética
Muitas vezes, a alopecia acontece devido à presença de genes que afetam o funcionamento dos folículos pilosos (estruturas responsáveis por produzir pelos). Um exemplo é a alopecia androgenética ou calvície masculina, na qual o componente hereditário é importante.
Alterações hormonais
Mudanças nos níveis hormonais, como as que ocorrem no hipotireoidismo e no hipertireoidismo, podem provocar perda de cabelo.
Na gravidez, os hormônios, especialmente o estrogênio, prolongam a fase de crescimento dos fios, resultando em cabelos mais volumosos. Após o parto, com a queda brusca desses hormônios, muitos fios entram na fase de queda ao mesmo tempo, causando um fenômeno chamado eflúvio telógeno pós-parto. Esse processo é natural e temporário, geralmente começando entre dois e quatro meses após o parto.
Já durante a amamentação, a perda pode ser intensificada por fatores como estresse, alterações hormonais e deficiências nutricionais, comuns no pós-parto.
Na menopausa, a perda de cabelo é comum devido à redução dos níveis de estrogênio e o relativo aumento dos andrógenos (hormônios masculinos). Essa alteração pode enfraquecer os fios, reduzir o volume capilar e acelerar a queda. Além disso, fatores como o envelhecimento natural, estresse e deficiências nutricionais podem agravar o quadro.
Sistema imunológico
Em algumas condições autoimunes (como alopecia areata e lúpus), o sistema de defesa pode atacar erroneamente os folículos pilosos, resultando em queda de cabelo.
Uso de medicamentos
Alguns medicamentos, como os quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer, podem resultar na queda de cabelo como efeito colateral (causando o que se chama de eflúvio anágeno).
Além deles, outros medicamentos também podem interferir na queda de cabelo, como algumas medicações neurológicas e psiquiátricas.
Deficiência nutricional
A falta de nutrientes como ferro, zinco e proteínas pode enfraquecer os fios, tornando-os mais propensos à queda.
Estresse
Situações diversas de estresse (como pós-parto, pós-operatório e ansiedade) podem prejudicar o crescimento capilar.
Cuidados com o cabelo
Fazer penteados muito apertados no cabelo, como coques ou tranças, pode levar a uma queda de cabelo conhecida como alopecia de tração. Além disso, procedimentos como coloração, relaxamento ou permanente podem contribuir para a quebra dos fios, levando à perda de densidade do cabelo.
Tipos de alopecia
A alopecia pode ter diferentes diagnósticos. Entre os principais, estão:
Alopecia androgênica masculina
A alopecia androgênica é a forma mais comum de queda de cabelos em homens. Também chamada de calvície, ela tem fatores genéticos e hormonais envolvidos e faz com que os fios fiquem progressivamente mais finos se não tratada.
Alopecia androgênica feminina
Também chamada de calvície feminina, a alopecia androgênica feminina costuma se apresentar com um alargamento da “linha do repartido” do cabelo, e também leva a um afinamento progressivo dos fios se não tratada.
Alopecia areata
A alopecia areata é uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca os folículos capilares, causando inflamação e queda de pelos. Em geral, a perda de cabelo ocorre em formas arredondadas (alopecia areata em placas), mas também pode ocorrer de forma difusa em todo o cabelo e pelos do corpo (afetando sobrancelhas e cílios, por exemplo).
Alopecia por tração
A alopecia por tração é um tipo de queda de cabelo causada por tensão excessiva nos fios. Isso ocorre, por exemplo, quando o cabelo é preso de forma muito apertada em coques, tranças ou rabos de cavalo. A tensão constante pode danificar os folículos capilares, levando à perda de fios.
Alopecia cicatricial
A alopecia cicatricial ocorre quando o folículo piloso é destruído por processos inflamatórios e tomado por tecido cicatricial. Isso impede o crescimento do cabelo na região afetada.
Nesses casos, o diagnóstico precoce é muito importante para tentar interromper essa inflamação e a perda capilar definitiva.
Alopecia frontal fibrosante
A alopecia frontal fibrosante é uma forma de alopecia cicatricial que se concentra na região frontal do couro cabeludo, afetando gradualmente a linha do cabelo localizada na testa.
Quais são os sintomas de alopecia
A alopecia pode se desenvolver de maneira gradual ou súbita, além de ter intensidades variadas. Os sinais mais comuns são:
- Queda excessiva de cabelo, especialmente ao lavar ou pentear;
- Fios mais finos e frágeis;
- Grandes falhas ou áreas de calvície;
- Alterações na linha do cabelo (como recuo na região das têmporas);
- Perda de pelos em outras partes do corpo (afetando sobrancelhas, cílios, barba, etc).
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de alopecia envolve uma avaliação clínica detalhada: o dermatologista realiza um exame físico do paciente e também faz perguntas sobre histórico médico, hábitos e possíveis fatores de risco.
Para determinar a causa da queda de cabelo e o tipo de alopecia, podem ser solicitados exames adicionais como a tricoscopia (procedimento em que se utiliza lentes de aumento para visualizar detalhadamente os folículos pilosos e o couro cabeludo), exames de sangue (para investigar possíveis desequilíbrios hormonais, deficiências nutricionais, entre outras condições) e biópsia do couro cabeludo (para verificar se há tecido cicatricial e inflamação ao redor dos folículos pilosos).
Alopecia tem cura?
Há casos em que a alopecia é temporária. Essa condição pode acometer pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia, por exemplo, e se resolver após a finalização do tratamento contra o câncer. Além disso, a queda de fios aguda também pode ser temporária desde que a causa seja identificada e tratada (como, por exemplo, na deficiência de ferro).
Porém, não existe cura alguns quadros de alopecia. É o caso da alopecia areata, da alopecia androgênica e da alopecia cicatricial: elas não podem ser curadas definitivamente, mas podem ser tratadas e controladas.
As abordagens terapêuticas variam de acordo com o tipo de alopecia e com a gravidade da condição. Em muitos casos, os tratamentos podem melhorar significativamente o aspecto do cabelo e estimular o crescimento de novos fios.
Tratamento para alopecia
Existem várias formas de tratar a alopecia, sendo imprescindível consultar um dermatologista para receber orientações personalizadas. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de se obter uma boa resposta do organismo.
Os casos mais comuns são de alopecia androgênica. Geralmente, o tratamento envolve medicamentos como o minoxidil, que é aplicado diretamente no couro cabeludo e ajuda a estimular o crescimento de novos fios — hoje, ele também já existe na forma oral, facilitando a adesão ao tratamento. Nos homens, a finasterida e a dutasterida (medicamentos orais) também podem ser eficazes, pois bloqueiam um hormônio que pode contribuir para a queda de cabelo.
Em outros tipos de alopecia, como a alopecia areata e a alopecia cicatricial, o tratamento foca em reduzir a inflamação para evitar progressão da doença. Nessas situações, é frequente o uso de corticosteroides, que podem ser aplicados em forma de pomadas ou injeções. Também podem ser prescritos medicamentos imunossupressores.
Cabe ressaltar que é fundamental tratar as causas subjacentes da alopecia. Deficiências nutricionais, por exemplo, devem ser corrigidas por meio de uma alimentação adequada e, se necessário, com o uso de suplementos.
Por fim, em casos mais graves de alopecia, pode-se considerar o implante capilar – procedimento que consiste em transferir folículos pilosos de áreas com mais cabelo (retirados do próprio paciente) para as regiões sem fios.
Fonte: Dra. Helena Rocchetto, médica dermatologista