Ecocardiograma: o que é e como funciona
Autor: Carlos Eduardo Suaide Silva, médico cardiologista, responsável pela área de Cardiologia da Dasa
O ecocardiograma é hoje um dos principais e mais utilizados exames complementares da cardiologia, pois permite ao médico especialista diagnosticar várias doenças cardíacas, assim como fornecer informações importantes sobre seu o prognóstico e planejamento terapêutico.
O QUE É ECOCARDIOGRAMA E PARA QUE SERVE?
O ecocardiograma é um exame de diagnóstico por imagem que estuda o coração através do ultrassom (é uma ultrassonografia cardíaca). Através dessas imagens, o médico especialista pode avaliar a anatomia e fisiologia cardíacas, o fluxo sanguíneo dentro do coração e das grandes artérias e a função contrátil do coração. Também é possível diagnosticar uma série de doenças que afetam a o coração, como lesões valvares, infarto do miocárdio, miocardiopatias, presença de tumores ou trombos e doenças congênitas. É um exame sem risco algum para o paciente sendo uma ferramenta essencial para o cardiologista.
COMO É FEITO O EXAME ECOCARDIOGRAMA?
Existem quatro tipos básicos de ecocardiograma: o transtorácico (feito através do tórax), o transesofágico (através do esôfago), o ecocardiograma sob estresse (que utiliza alguma droga para acelerar o coração ou o paciente é colocado para correr concomitantemente em uma esteira) e o fetal (realizado pelo abdome da gestante). O ecocardiograma transtorácico é feito com um instrumento chamado transdutor que emite um feixe de ultrassom que atinge as estruturas cardíacas e retorna ao equipamento (daí o nome Eco) onde é construída a imagem do órgão em um monitor. Poderá ser oferecido ao paciente um avental para o seu melhor conforto. O paciente é posicionado em decúbito lateral esquerdo e em seguida o médico ecocardiografista deslizará o transdutor com gel sobre o peito do paciente para visibilizar todas as partes do coração. O gel é utilizado para aumentar a superfície de contato com a pele e ajudar o transdutor a deslizar. É um gel à base de água e não causa alergia em contato com a pele.
Em alguns momentos poderão ser feitas pequenas pressões para facilitar a aquisição das imagens sem causar dor ou desconforto ao paciente, ou mesmo pedir para o paciente controlar a respiração. O procedimento dura em média de 10 a 20 minutos.
O ecocardiograma pode ser feito também pela via transesofágica (como uma endoscopia digestiva) introduzindo o transdutor pelo esôfago do paciente. É solicitado quando a qualidade do eco transtorácico for inadequada para diagnóstico ou para avaliar algumas estruturas de difícil visibilização pelo tórax. Nesse caso é feita uma leve sedação para maior conforto do paciente.
Existem também o ecocardiograma sob estresse farmacológico ou físico (para avaliar, principalmente, isquemia miocárdica) e o ecocardiograma fetal para avaliar o coração do feto.
Em todos esses procedimentos, um exame de qualidade deve incorporar as modalidades unidimensional (Modo M), bidimensional, Doppler e Mapeamento de Fluxo em Cores (Doppler colorido) para se obter o mais completo resultado.
PREPARO DO EXAME DE ECOCARDIOGRAMA
Não é necessário preparo para o ecocardiograma transtorácico ou fetal. Para o ecocardiograma transesofágico é necessário jejum de 6 horas para evitar náuseas e vômitos. Para o ecocardiograma sob estresse é recomendado não comer nada pesado para evitar enjoos e se for estresse físico utilizar roupas que permitam a prática de exercícios. Nos dois casos é necessário levar um acompanhante. Lembrando que o ecocardiograma é um exame simples, rápido, e que não usa radiação.
CONTRA-INDICAÇÕES
Não há contra-indicações para a realização do ecocardiograma transtorácico ou fetal. Para o transesofágico e sob estresse pode haver algumas contra-indicações específicas que serão avaliadas pelo médico executor.
PERIODICIDADE DO EXAME
Não há um consenso sobre a periodicidade do ecocardiograma, ficando a critério do cardiologista pedir o exame conforme a necessidade do caso. Dependendo da indicação clínica pode ser repetido em curtos períodos para acompanhar a evolução de uma doença ou sucesso de seu tratamento.