Diabetes: como prevenir e diagnosticar?

Diabetes

Fonte: Dr. Adriano Cury, médico endocrinologista do Alta Diagnósticos

Com mais de 16 milhões de pessoas acometidas, o Brasil é o 5º país com mais incidência de diabetes no mundo, perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Os dados são do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Em 2030, este número pode chegar a 21,5 milhões de pessoas. 

 

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O diabetes tipo 2 é uma doença crônica caracterizada pela menor produção de insulina associado a um menor efeito biológico, a chamada resistência insulínica.  
 
O diagnóstico e o tratamento precoce do diabetes são fundamentais para prevenção das complicações crônicas, como a nefropatia diabética ou retinopatia diabética. A doença é comumente associada a obesidade, dislipidemia e hipertensão, condições médicas que promovem importante aumento do risco para doenças cardiovasculares e eventos encefálicos.  

Qual o tipo mais comum de diabetes? 

O diabetes tipo 2 representa cerca de 90% dos casos da doença. Este tipo de diabetes ocorre quando a produção de insulina está reduzida e há uma resistência a sua ação (resistência insulínica), promovendo dificuldade no controle na glicose de jejum e após as refeições (pós-prandial).  
 
Outros fatores como maior produção noturna de glicose pelo fígado, disfunção na produção dos hormônios intestinais, chamados de GLP1, ou até menor captação de glicose pelos músculos também ajudam a compreender os motivos para a desregulação do controle da glicose.  

Nas últimas décadas, houve um significativo aumento de casos de diabetes tipo 2. Isso porque parte da população teve uma piora no estilo de vida, com um plano alimentar inadequado tanto qualitativamente quanto quantitativamente e sem atividade física regular. Como consequência, houve uma progressão dos casos de obesidade e sobrepeso e doenças correlatas. Lembrando que a obesidade piora a resistência insulínica, um fator de estreita relação com a maior frequência do diabetes.  

Quais os tipos de diabetes? 

Além da diabetes tipo 2, existem ainda outros tipos de diabetes, como: 

  • Diabetes tipo 1; um diabetes de origem autoimune, onde ocorre rápida falência do pâncreas produtor de insulina pela agressão de autoanticorpo às células beta produtoras de insulina;  

  • Diabetes gestacional; quando hormônios placentários também geram resistência insulínica e, consequentemente, o diabetes; 

  • Diabetes autoimune latente do adulto (LADA), quando componentes do diabetes tipo 2 ocorrem com a presença de um anticorpo contra a ilhota pancreática produtora de insulina, sendo o principal marcador imune para o diagnóstico do LADA o anticorpo anti-GAD); 

  • Outros tipos mais raros como diabetes monogênico (MODY) ou mitocondrial são menos frequentes na população.  

Como é feito o diagnóstico de diabetes? 

O diagnóstico preciso e acurado do diabetes pode ser realizado a partir da história clínica do paciente e do resultado dos seguintes exames laboratoriais: 

  • Glicemia em jejum 

  • Hemoglobina glicada (HbA1c) 

  • Teste de tolerância oral à glicose (Curva glicêmica de 2h). 

Quais são os sintomas de diabetes? 

O diabetes é na maioria das vezes assintomático, mas algumas manifestações clínicas podem ajudar a reconhecer e suspeitar de um quadro de diabetes.  Dentre os principais sinais e sintomas típicos da glicose muito elevada, características do diabetes manifesto ou descompensado, podemos elencar: 

  • Urinar com frequência, chamada de poliúria.  

  • Sede, fome e fadiga excessivos 

  • Grande perda de peso, atípica, indicando o estado de glicotoxicidade.  

  • Formigamento nos pés e nas mãos 

  • Dores nas pernas 

  • Visão embaçada 

É possível prevenir a diabetes tipo 2? 

Sim, com uma atuação na fase chamada de pré-diabetes. Nesta fase, com boa orientação de mudança de estilo de vida, redução saudável do peso corporal e algumas medicações validades e aprovadas para tratar o pré-diabetes, é possível prevenir o diabetes tipo 2.   
 
Cabe ao médico, na fase sem sintomas, identificar o momento do pré-diabetes e fazer o diagnóstico laboratorial com o auxílio de exames como a glicemia de jejum, a hemoglobina glicada ou até com a curva glicêmica de 2 horas.  
 
O rastreio do pré-diabetes é fundamental nos pacientes que com obesidade, sinais clínicos de resistência insulínica e particularmente com histórico familiar de diabetes tipo 2.  

Como é o tratamento da diabetes? 

Quando há a confirmação do diabetes tipo 2, o médico orientará mudanças no estilo de vida e o uso dos medicamentos apropriados para o bom controle glicêmico. Normalmente o correto tratamento farmacológico associado a uma correta orientação nutricional e atividade física, promoverá um bom controle da doença. 
 
A estabilidade glicêmica, com menor variabilidade associada a HbA1c na meta adequada e individualizada para o paciente, de acordo com suas comorbidades e idade, a longo prazo poderá prevenir as complicações relacionadas a esta condição crônica, como a retinopatia diabética, neuropatia diabética, nefropatia diabética.

Diabetes tem cura? 

O diabetes é uma doença crônica em que ainda não há cura. O correto diagnóstico e tratamento são a chave para o bom controle e prevenção das complicações relacionadas a hiperglicemia ou não controle dos níveis sanguíneos de glicose.  
 
No caso do diabetes tipo 2, o cuidado deve ser ainda maior, já que os sinais clínicos da doença podem demorar para se manifestar.  

 

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